Partindo do exemplo da Patagonia, Ryan Gellert, CEO da empresa, sustenta que empresas podem ajudar o mundo com seus negócios. Entenda o caminho.
Para contextualizar o ambiente necessário para que empresas ajudem o mundo com seus negócios, Ryan detalha a realidade da Patagonia como exemplo.
Desde que entrou na empresa, Ryan teve duas percepções que mais chamaram sua atenção:
1. O comprometimento da marca com o envolvimento profundo e genuíno com os problemas sociais do mundo, especialmente os ambientais. Colocando sempre o objetivo sustentável em primeiro lugar.
2. A ousadia do empreendedor de Yvon Chouinard, fundador da marca. Ryan conta que é admirável o despejo de Yvon ao não planejar metas longas e sim focar no próximo passo e o próximo e o próximo. E se por algum acaso algo não dá certo, ele muda o rumo, naturalmente, como fosse só mais um passo.
Clareza de propósito
Ryan participou da decisão tomada por Yvon em doar a Patagonia, avaliada em 3 bilhões de dólares, para entidades que apoiam a causa ambiental. Durante a transição, o CEO lembra que existiram duas preocupações principais sobre a processo: definir uma lista curta do que pode acontecer e o que não pode acontecer.
Dentro das coisas que não podem acontecer, manter a integridade e os valores da Patagonia era número 1. Por isso, quando as pessoas perguntam para ele como é trabalhar na empresa depois da decisão de doar o capital, Ryan diz que é “exatamente a mesma coisa”, afinal essa era a meta.
Ainda sobre propósito, Ryan deixa claro que trabalhar para Patagonia é um orgulho imenso, pois ele está a frente de uma empresa que investe em uma causa de benefício comum. Para ele, governo, cidadãos e empresas precisam trabalhar juntos, cada um com suas responsabilidades, para reescrever o mercado de roupas, já que ele pode impactar positivamente no meio ambiente.
Governo, sociedade e empresa juntos
Falando em política, Ryan lembra que a causa ambiental não é de nenhum partido e não pode ser politizada. Para o CEO, houve um tempo em que os dois dados abordaram o tema de forma positiva, baseado em ciência, pesquisa e inovação. Segundo ele, é esta a postura governamental que precisamos para evoluir no debate.
“Veja você mesmo como dono e não consumidor das coisas que você compra.”
Ryan Gellert
Inserir essa forma de pensar nos clientes da Patagonia é para Ryan uma forma de mudar a cultura em relação ao consumo de roupas. Ryan reconhece que a produção têxtil é uma das mais preocupantes para preservação ambiental, pois além do crescente consumo exagerado e o descarte incorreto, a cadeia de produção incluí muitos casos de mão de obra escrava.
Por isso, a empresa tem projeto vitalício para reparo de roupas e se responsabiliza pelo descarte ou reaproveitamento de qualquer peça que seus clientes queiram se desfazer. E por mais que a Patagonia faça parecer simples, existe muita análise antes de escolher e executar um novo projeto. Ryan explica que uma decisão, que inicialmente causa um impacto positivo para o planeta, pode, no futuro, ter um desdobramento negativo. Para resolver esse quebra cabeça, ele se baseia em padrões de qualidade rigorosos, com auditoria e certificação que reconhecem a Patagonia como uma empresa B Corp.
Oportunidades de mercado para o futuro
Quando se refere ao futuro, Ryan diz que o setor mais promissor para causar impacto positivo ao planeta é o da agricultura. Isso se dá por dois motivos principais: uma cadeia de produção robusta, mas que esta defasada e segundo pelas oportunidades em relação as novas tecnologias ligadas a prática da agricultura orgânica.
Por fim, Ryan lembra que mudar nosso padrão de consumo é uma realidade que vai acontecer e nós não temos controle sobre isso. Assim como na pandemia, que nos adaptamos ao novo normal, acontecerá com as mudanças climáticas. A diferença é que, o comprometimento com as causas ambientais pode transformar essa mudança de comportamento prazerosa e menos traumática.
Deu pra ver que a Patagonia está pronta e comprometida em contar essa história da melhor forma, né?
E de Storytelling eles entendem!
Falando em storytelling
É isso galera, o SXSW foi basicamente sobre storytelling e propósito. Eu já falei desse tema aqui outras vezes, afinal é uma ferramenta poderosa para sua marca. Se quiser saber mais, acesse o link a seguir:
